quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sobre semear recordações

Um certo dia, uma pessoa muito chegada a mim no passado, me falou sobre recordações que gostaria de esquecer, pois não podia mais fazer parte do presente que ela vivia e do jeito que via a vida. A partir do que esta pessoa me falou, refleti sobre as recordações que tenho e que mesmo as ruins, não poderiam ser apagadas, pois sobre elas me apoiei para conseguir subir alguns degraus que acredito, me tornaram uma pessoa melhor. Claro que ainda passível de enganos, mas melhor, seja com outras pessoas, com novas situações ou no modo de encarar as circunstâncias. Quanto as boas recordações, estas permanecem pra vida toda, e são elas que nos tornarão inesquecíveis para quem estiver envolvido.

Pensando nessa pequena frase a mim dita, num certo dia, resolvi desenvolver a partir dela, um poema que mais tarde estiquei e passei a transformar num livro, onde o título "Sempre Há Tempo Pra Recordar" tem duplo sentido, pois inspira que sempre há momentos no tempo pra recordar, assim como, sempre há um tempinho cronológico sequer que seja, pra buscar no passado algo gostoso que nos faça olhar ao céu e sorrir sem motivo aparente pra quem nos veja. Quem nunca se lembrou de algo gostoso e sorriu subitamente? Uma vez li, que uma boa lembrança nos faz olhar para cima e uma má lembrança nos faz olhar para o chão.

Hoje em dia, a vida é mais corrida que antigamente e as pessoas já não estão mais tão próximas como antes. Acham que estão, mas não estão. Podem até viver algumas aventuras juntas, mas em sentimento não estão. Os da minha época, se lembram dos colegas de infância, os de agora, não se lembrarão no futuro. Os relacionamentos não terão mais lembranças boas pra serem lembradas, pois estão terminando de forma a deixar mágoas. A perda de alguém, em raras ocasiões vai deixar saudade, pois as pessoas estão se afastando em nome da tecnologia. Quando sim, serão lembradas por pouco tempo. Talvez mais, por causa da febre da fotografia e redes sociais, que inspiram as pessoas a se fotografarem mais do que antigamente e estas fotos trarão à mente algum momento ou pessoa quando forem vistas. O meu livro inspira o contrário. 

Largue o celular, ao invés de fotografar, viva. As memórias duram mais que as fotografias. Semeie recordações e não se deixe ser esquecido. Álbuns de fotos podem ficar esquecidos numa gaveta ou serem apagados da memória do computador ou celular, mas uma recordação gravada na memória física, por mais profunda que esteja, vai ressurgir na mente com uma simples palavra mágica. As situações mais inusitadas são as mais marcantes, pois as rotineiras se misturam. Invente, ame, beije, corra, grite, abrace, faça sexo, se solte, jogue bola, nade, aventure-se. Deixe a vida lhe semear recordações e de preferência com pessoas que você queira que sejam lembradas. A vida passa num piscar de olhos e a única herança boa que deixaremos será nossa passagem.

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